De volta ao trabalho

 Não tenho nem imagem para ilustrar isso...

Hoje voltei ao trabalho, depois de vinte dias afastada por Burnout e Transtorno de Ansiedade Generalizada. 

Estava preparada? Não!!! Mas estou aqui.

Tive duas crises de ansiedade, mais algumas crises de choro por emoção pela recepção dos alunos, com presentes, abraços e palavras de carinho e mais uma crise pela frieza de quem deveria mostrar liderança e zelar pela saúde mental e física de seus colaboradores. Ainda mais por saber que prepararam uma festinha de boas vindas para mim e a liderança disse não que havia motivos para isso.

Triste saber que doenças ligadas à saúde mental não são encaradas como doença e não são vistas com seriedade ou então são vistas como frescura ou "mimimi".

Aliás, o que mais ouvi nesses dias de licença foi sobre acreditar ou não em Deus, como se só isso fosse me salvar ou me curar dessas doenças que me acometeram.

Ninguém pergunta a um asmático ou alguém que tem algum tipo de câncer se este acredita em Deus ou se está rezando o suficiente. Por que então o fazem frequentemente a quem tem Depressão, Síndrome do Pânico, Burnout, TAG e outras doenças do mesmo segmento?

As pessoas precisam pesquisar mais e procurar estudar, entender e saber que não escolhemos passar por isso porque queremos e que é uma condição difícil, complicada e que dói demais.

Empatia, acolhimento, cuidado e mãos estendidas ajudam muito mais do que julgamentos ou questionamentos sobre a fé. Fica a dica!!!

Burnout

 

Dia 15/09/23 voltei a fazer terapia. Precisava demais...

Poucos minutos de conversa com a terapeuta e ela disse que estou com todos os sintomas de Síndrome de Burnout. Conversamos e ela me deu um monte de papeis com sintomas e pediu que eu lesse e colocasse quais eu identifico no meu dia-a-dia.

Acho que nem precisaria dizer que identifiquei a maioria.

Estou completamente exausta e sufocada.

Sei que já falei isso no post anterior, mas é a verdade e não consigo mais esconder de ninguém.

Não tenho energia para nada, nem para limpar minha casa. E olha que eu tenho mantido sempre limpa e arrumada. Tenho dado só um "tapa" e às vezes a louça fica dias lá para lavar.

Sinto vergonha mas, ao mesmo tempo, não sinto a mínima vontade de fazer nada.

Tenho tentado escrever para colocar para fora, mas nem isso mais tenho vontade de fazer...

Bem, é isso!!!

Epifania...

    E quando você está numa sala de aula, olhando para seus 44 alunos, alguns fazendo atividades, outros não, e percebe que aquilo não faz mais sentido algum na sua vida? E pior... Faz tempo!!!

    Agora há pouco estava limpando as lágrimas que escorriam enquanto os alunos vinham me mostrar seus desenhos e eu tentava conter para que não percebessem o estado de esgotamento em que me encontro. 

    Nunca me senti tão mal quanto agora. Não tenho memória, não tenho energia, não tenho vontade de fazer nada, nada nada, a não ser dormir.

    Eu já sabia que minha saúde mental estava se esvaindo à medida que minha profissão fazia aniversário, mas cheguei ao ápice. Juro!!!

    Me sinto refém, pois continuo lecionando por precisar pagar minhas contas, meu apartamento, honrar meus compromissos financeiros.

    Ouço o tempo todo sobre "socioemocional" e como trabalhar isso com os alunos. Acho que essa palavra nunca foi tão dita como nos últimos três anos. Aliás, como no último semestre. Não aguento mais, pois na prática, só vale para os alunos mesmo. Os professores continuam sobrecarregados, cheios de afazeres, com seus direitos cada vez menores e com cobranças absurdas e esmagadoras.

    Uma amiga diz que estou com Burnout faz tempo e que preciso tratar isso. Eu até acredito que esteja, pois realmente tenho tido apagões consideráveis de memória, cansaço excessivo, dificuldade de concentração, desânimo, dores de cabeça, vontade de ficar isolada e mais um monte de coisas que têm a ver com a doença, mas também não tenho tempo e ânimo de ir atrás disso pra ver, pois também não posso ficar faltando no trabalho, já que não tenho falta aula mais. 

    Olha, de verdade, preciso dar um rumo na minha vida. Já aguentei tempo demais e pode ser tarde demais também pra isso, já que vou fazer 45 anos daqui a 10 dias, mas se eu não fizer algo, vou acabar morrendo...

    Ser professor nesse país é horrível. Só quem é, sabe como é!!!